Depois de cinco semanas da estreia de “Avenida Brasil” está
mais do que na hora de falar sobre alguns pontos da novela das 21h da Globo.
Venho mais uma vez dizer que é difícil falar da obra de um ídolo — no caso,
João Emanuel Carneiro —, mas, pelas minhas conversas na rua, com amigos e
família, vejo que a minha opinião é compartilhada pelo restante do público.
Além do texto maravilhoso do João Emanuel Carneiro — o mesmo
de “A Favorita” e “Da Cor do Pecado” — o elenco da novela é maravilhoso, principalmente o feminino, a começar por Débora Falabella. É até difícil
escolher a personagem mais marcante da atriz — que já fez uma dependente
química em “O Clone”, e a protagonista de “Sinhá Moça” —, mas ouso em dizer que
essa é uma das mais difíceis para a atriz. O texto é complexo e exige mudanças
muito drásticas principalmente nos olhares. A Nina é uma personagem de muitas
facetas, assim como sua antagonista, Carminha.
Adriana Esteves estava sumida desde o fiasco de “Morde e
Assopra”, mas voltou com a melhor personagem da sua carreira, na minha opinião.
Pra mim, está sendo muito difícil me desvencilhar da imagem dela como a Celinha
de “Toma lá dá cá”, mas aos poucos eu vou me adaptando às mudanças. Muito mais
que Nina, Carminha muda de personalidade quatro vezes numa só cena: a
personagem tem um olhar e um tom de voz diferente para cada pessoa com que está
tratando.
Outro destaque feminino é Nathália Dill. Uma das queridinhas
da Globo, Nathália estreia no horário nobre com Débora, uma personagem madura,
mulher independente e moderna. A atriz já tinha mostrado o seu profissionalismo
em outras novelas — como a Maria Rita de “Paraíso” — e agora na principal
atração da emissora, ela se consolida como uma nova Paola Oliveira ou Alinne
Moraes.
Ainda quero falar especialmente de Ísis Valverde que é, de
longe, o personagem mais popular da novela. O sucesso da personagem me intriga:
a piriguete não vale nada, só arranja confusão e tá em todas as rodas de
conversa sobre a novela. Não acho que as suas personagens anteriores tenham
favorecido o seu corpo escultural, mas agora ela está sendo recompensada.
Quero falar também da grande parte de atores cômicos
presentes no elenco que fazem enriquecer o texto engraçadíssimo do João
Emanuel: Heloísa Perissé já teve personagens melhores, mas está ótima como a cabeleireira
Monalisa; Déborah Bloch, Camila Morgado e Carolina Ferraz me enlouquecem quando
aparecem em cena; Letícia Isnard, que eu assisto desde “Minha nada mole vida”,
tem uma personagem ótima no núcleo do jogador Tufão; e, por último, Fabíula
Nascimento está maravilhosa, espetacular, com a Olenka, que não leva desaforo
pra casa; eu rio em todas as suas cenas.
O elenco masculino? Bem... Tony Ramos, que fez uma
participação na primeira fase da novela, foi a melhor interpretação até agora.
Murilo Benício está fraco com o Tufão; Cauã Reymond já caiu no lugar-comum com
seus últimos personagens; Alexandre Borges está engraçado, mas ainda apostaria
em outros atores; Marcelo Novaes precisa esquecer a sua cara de bobo de
personagens anteriores. Os melhores talvez sejam Marcos Caruso, que transita
bem entre personagens distintos — como o padre Inácio em “Desejo Proibido” e o
prefeito Patácio em “Cordel Encantado” —, José de Abreu que está detestável —
essa é a intenção — como o catador de lixo Nilo e José Loreto que volta com um
dos personagens mais cativantes de “Avenida Brasil”, Darkson.
Medalhas para Mel Maia, a personagem de Débora Falabela na
primeira fase da novela; Juliano Cazarré que está com um personagem incomum, o
ex-jogador Adauto; Débora Nascimento como a linda Tessália; Cláudia Missura, a
Janaína, que me chama a atenção mesmo sendo uma empregada; e Daniel Rocha como
Roniquito que, na minha opinião, é a revelação de “Avenida Brasil”.
Apesar dos pesares, “Avenida Brasil” tem uma história
central riquíssima e é a novela mais popular dos últimos anos — não quero nem
falar sobre a anterior “Fina Estampa”. A nova novela tem 93% dos seus
personagens na classe C, a nova tendência das produções televisivas para
conquistar esse público. A novela vai até setembro e espero não ter
morrido de parada cardíaca com o ritmo alucinante do Kuduro da novela.