Desde o primeiro minuto da animação, o conjunto da obra chama a
atenção: o filme tem um colorido todo especial em cores pastéis, traços ágeis e
sofisticados e uma trilha sonora delicada.
“O Mágico” conta a história de um ilusionista em decadência que usa
truques antigos e já não chama a atenção de mais ninguém. Seu show de maior
sucesso acontece numa cidade no interior da Escócia, onde ele conhece uma moça
pobre chamada Alice. Ela fica encantada pelos truques do mágico e acredita que
todos os seus problemas poderiam ser resolvidos com magia, desde um sapato novo
até um bilhete de trem. Toda essa história contada de forma simplória e com
poucos diálogos.
O clima do filme é sentido principalmente pela trilha sonora: das
músicas com tom lúdico dos anos de 1950 até o rock dos anos 1960. Uma das
sequencias mais interessantes é a diferença do público do mágico com uma banda
de rock: Billy Boy and the Britoons (cena acima). Enquanto existem centenas de adolescentes
enlouquecidas pelos cantores — muito parecidos com os Beatles, por sinal,
apesar de serem muitos exagerados —, o mágico só consegue a atenção de uma
senhora e uma menina, que ainda descobre os seus truques!
Os personagens não tem nenhum atrativo físico, não são nenhum pouco
carismáticos, mas conseguimos nos comover com o fracasso do mágico e com os
sonhos da menina: cúmplices de vidas sem esperança.
Também tenho que dar ênfase na forma irreal dos personagens: isso me
encanta profundamente. Os filmes de animação querem se aproximar ao máximo da
realidade — gestos, cores, texturas —, mas sempre tem um traço exagerado; adoro
os personagens grandes ou pequenos demais, com grandes narizes ou cabelos
estranhos: um tom bem caricato.
Por fim, o colorido dos cenários: tem um ar despretensioso, mas
percebemos a preocupação de Sylvain Chomet com as tonalidades no desenho de uma
porta, de um aquecedor, de uma panela ou de uma vitrine.
Não posso deixar de falar que “O Mágico” concorreu ao Oscar de Melhor
Longa-Metragem de Animação em 2011, mas no ano passado, a Academia tinha um
favorito absoluto: Toy Story 3. Mas, na minha opinião, o Oscar tem essa função:
apresentar-nos filmes dessa qualidade que, com nosso pouco conhecimento e
acesso a filmes não-americanos, nunca teríamos a oportunidade de desfrutá-los.
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