“A Ira dos Anjos” é outra obra inconfundível de Sidney
Sheldon. Parece meio clichê dizer que ele consegue nos prender desde a primeira
página, mas Sheldon faz isso como ninguém. Desde a cena inicial no tribunal,
onde Jennifer Parker cai numa armadilha de Michael Moretti, o leitor se sente
tentado a descobrir mais um capítulo da vida da heroína — marca registrada de
Sheldon.
O que me impressiona é que romances — não estou falando de
romances de amor — pouco me atraem e são poucos que conseguem me fazer seguir
em frente. Desde o início da minha adolescência, quando eu adquiri o hábito da
leitura, apaixonei-me pelo gênero de suspense: a descoberta do assassino no último
capítulo era um incentivo para continuar a leitura. Sidney Sheldon também já
usou desse recurso em “Quem tem medo de escuro?” e “A Outra Face”, mas nessa
aventura, a nossa única motivação é ver os personagens da história agindo,
interagindo entre si, vivendo.
E que personagens! Adam Warner, Ken Bailey, Michael Moretti,
Joshua e Robert di Silva. Todas as personagens muito bem construídas que
comprovam aquela história de que Sheldon relia seus manuscritos várias vezes
antes de serem entregues à editora. Seus personagens são extremamente
convincentes, o que dá o ar realista à história.
Destaque para uma cena de sequestro que acontece no Capítulo
36 — poderia descrevê-la, mas não quero entregar spoilers. Fiquei sem fôlego, nervoso com toda a situação. Surpreendentemente,
eu até consegui chorar vendo a emoção dos personagens:
“Michael Moretti não
respondeu, e Jennifer compreender por quê.
— Se encontrarmos
Jackson?...
Jennifer respirou
fundo, estremecendo.
— Mate-o!”
E, como também é típico nos livros do Sidney Sheldon, quero
dizer que as cenas de sexo me deixaram ofegante:
“Era como se ele
estivesse fazendo amor em cores brilhantes e faiscantes, as cores mudando de um
momento para o seguinte, como algum caleidoscópio maravilhoso. Num momento,
fazia amor gentilmente, com extrema sensibilidade, no momento seguinte era
cruel, agressivo, exigente.”
“ A Ira dos Anjos” é um livro para ser lido em poucas horas:
um sabor diferente para um fim de semana. É uma história real, onde os
personagens podem ser reconhecidos em páginas de jornal; um enredo tenso, ágil —
composto de muitos diálogos —, digno de um roteiro de cinema.